O Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, falou em exclusivo com o Atleta Canal e abordou vários assuntos atuais, demonstrando aquilo que o Governo já fez e ainda quer fazer pelo desporto nacional.
A celebrar, praticamente, um ano de mandato, o governante não fugiu a nenhum tema e abriu o jogo numa conversa agradável. Aliás, até abordou temas bem ‘quentes’, como a violência no desporto, dando novidades e deixando alertas: “Passará a ser crime, o apoio legal aos grupos organizados de adeptos. […] É importante passar esta mensagem: O desporto é vítima de uma certa criminalidade que se aproveita do desporto.”
A aposta do Executivo também passa bastante pela prevenção: “Obrigatoriedade da figura do gestor de segurança, já prevista na lei. […] Sensibilização de pais e familiares que assistem regularmente aos jogos. […] Permitir que os organizadores tenham habilitação legal para punirem com mais peso aquilo que são os incidentes que se registam nos jogo.”
A constituição de sociedades anónimas tem tido resultados pejorativos para o desporto nacional e o Secretário de Estado já tem uma alternativa em andamento: “Permitir uma terceira forma societária que é a sociedade comercial, os clubes podem constituir uma sociedade comercial com um ou mais parceiros privados.”
O nosso País ficou sem um laboratório certificado internacionalmente de antidopagem e João Paulo Correia revelou como já se resolveu a situação: “Quando tomamos posse, o nosso laboratório tinha perdido a certificação internacional, em 2018. […] A primeira decisão que tomamos foi retirar o laboratório do IPDJ e colocá-lo no Instituto Ricardo Jorge […] Em setembro do ano passado, a Agência Mundial Antidopagem certificou novamente o laboratório português e o Governo reforçou em 60 por cento o orçamento para a antidopagem.” Já no que diz respeito ao combate à corrupção desportiva, acrescentou: “Vai criar-se uma plataforma de combate à manipulação das competições desportivas.”
Após os dois anos marcados pela pandemia de Covid-19, o número de atletas federados tem crescido bastante, principalmente na vertente feminina, mas o Secretário de Estado aponta a mais: “Ainda há um longo caminho a percorrer. Basta cada um de nós fazer a seguinte pergunta: Quando é que o nosso clube de preferência, um dia será liderado por uma mulher? […] Na resposta vamos perceber que há muito por fazer.”
Os desportos de combate, em Portugal, vivem por vezes vários conflitos internos e o exemplo do Taekwondo é gritante: “Só agora foi atribuída a utilidade pública desportiva à modalidade de Taekwondo. […] Vivia uma crise interna, entre uma federação que nem sequer tem condições para ser utilidade pública, quanto fará utilidade pública desportiva, por razões muito más.” Por vezes, apesar de bons resultados, os atletas referem que quando vão ao estrangeiro, a diferença é enorme, mas João Paulo Correia refuta a ideia: “Há centros de alto de rendimento dedicados às artes de combate. […] Por exemplo, em Vila Nova de Gaia.”
Ao abordar o tema dos Centros de Alto Rendimento, o governante falou do caso menos positivo: “Temos um muito subaproveitado, mas foi construído, em Foz Côa, porque houve um compromisso de várias federações de que queriam desenvolver lá o seu alto rendimento.” Também deu a novidade: “Neste momento está em cima da mesa, o 15.º Centro de Alto Rendimento, em Vilamoura para, sobretudo, vela e canoagem.”
Com os atletas a preparem os Jogos Olímpicos de Paris 2024, o Secretário de Estado divulgou aquilo que o Governo pretende fazer: “Criar uma bolsa de continuidade que até hoje nunca existiu. Quando um atleta está nos Jogos e se não se qualificar para os mínimos, perde a sua bolsa no mês seguinte à competição. Queremos uma bolsa de continuidade para que haja uma segurança mínima para que um atleta, caso tenha uma infelicidade, não perca a bolsa que está a receber.”
Muitas vezes, o final da carreira é um momento deprimente e difícil de ultrapassar para os atletas, essencialmente os de nível elevado e, por isso, o Executivo não os esquece: “Estamos prestes a aprovar o primeiro estatuto de apoio ao alto rendimento, no ingresso no mercado de trabalho, no pós-carreira.”
Já nos mais jovens, nomeadamente os estudantes, João Paulo Correia fala em números: “O desporto escolar representa um investimento de 41 milhões de euros, por ano.”